Hugo – Ou o bloco de carnaval que ao chegar num beco sem saída dá cinco passos para frente e três para trás.
Luíza – Como naquela canção: “Todo carnaval tem seu fim”.
Hugo – E nós nem estamos na quarta-feira de cinzas.
Luíza – Senhora do silêncio.
Hugo – O que?
Luíza – Era como Fernando Pessoa chamava a lua.
Hugo – Linda a expressão.
Luíza - Ontem foi noite de lua cheia, não?
Hugo – Não me lembro.
Luíza – Uma vez fiz sexo numa praia deserta. Era uma noite linda. A lua estava lá no céu, bola dourada. Lembro que depois fomos nus para o mar, banho de lua. Foi a minha primeira decepção amorosa.
Hugo – Com a transa ou com a pessoa?
Luíza – O sexo foi ótimo, mas o cara... Caí na besteira de dizer para ele: eu não existo sem você. Sabe como é: não demonstre dependência afetiva de homem algum ou ele te fode. Tipo: consegui seduzi-la e comê-la, agora não tem mais importância. Vou atrás da próxima vítima.
Hugo – Acho que você está sendo muito simplista, reducionista. Achar que todos os homens são canalhas é recalque feminista. As pessoas são mais complexas e subjetivas que uma mera análise apressada psedo-freudiana.
Luíza – Você diz isso porque é homem. E vocês são corporativistas.
Hugo – Não se trata de ser homem ou corporativista, e sim por não concordar com a idéia de que todos os homens são canalhas, escroques e insensíveis a ponto de não merecerem o crédito feminino.
Luíza – O que afinal você quer? Está falando horas a fio e não consegue ser objetivo um minuto sequer. Você quer me enlouquecer? É isso, você quer me enlouquecer?
Hugo – Não meu bem, não quero te enlouquecer> Aliás, isso nunca passou pela minha cabeça. Eu só não gosto de analisar as coisas por um viés manisqueísta.
Luíza – Ah, e por qual viés você gosta de analisar as coisas?
Hugo – Por um viés menos preconceituoso e lugar comum possível.
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