Luíza – “Tudo Sobre Minha Mãe”.
Hugo – Isso.
Luíza – E daí?
Hugo – Deve ser a mesma sensação que você está sentindo, não?
Luíza – Não entendi.
Hugo – É uma metáfora. Como se a perda do “seu filho” fosse a morte do seu cotidiano, os seus planos, desejos, sonhos frustrados por algum motivo. E a busca do “pai” fosse a busca por algo maior, uma explicação do por que do descaminho da vida, entendeu?
Luíza – Interessante.
Hugo – E no final o pai do garoto é um travesti. Quer dizer não se encontra uma explicação aceitável para as questões anteriores. O peso insofismável do fracasso.
Luíza – Subalimentada dos sonhos.
Hugo – Não sei. Acho que isso é mais uma auto-análise minha do que sua. Desculpe. Como disse tenho tido dias de cão. Estou no olho do furacão há anos.
Luíza – Por que a gente faz isso Hugo?
Hugo – Faz isso o que?
Luíza – Por que nós simplesmente não facilitamos as coisas.
Hugo – Continuo não entendendo...
Luíza – Complicar menos as coisas. Se preocupar menos. Se levar menos a sério. Se doar mais sem cobranças inúteis. Desejos de posse em relação ao outro. Sabe, menos joguinhos que não levam há lugar nenhum. Ciúmes bobos. Pactos de felicidades que nunca existiram. Você me entende?
Hugo – Acho que sim. Também já pensei nisso várias vezes.
Luíza – Já chegou a uma conclusão?
Hugo – Acho que os seus/meus questionamentos já respondem as questões iniciais. Quer dizer, temos vocação para sofrer ou não sabemos amar como deveria? Ou as duas opções?
Luíza – Acho que prefiro ser devorada.
Hugo – O que?
Luíza – O enigma da esfinge: “Decifra-me ou te devoro”.
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