sábado, abril 19, 2008

Parte 5

Hugo – Não estou falando de se castrar profissionalmente. Estou falando de não se importar tanto com status, grana, superação do sexo masculino. De repente isso nem tem tanta importância.

Luíza – As coisas têm a importância que damos a ela. Logo essas coisas num escala de prioridades estão no topo.

Hugo – Não está na hora de você rever essas prioridades?

Luíza – Talvez.

Hugo – Você só diz isso?

Luíza – Diz isso o que?

Hugo – “Talvez”, nunca diz uma resposta mais direta.

Luíza – Até onde eu sei você mal me conhece e já está tirando conclusões apressadas sobre mim?

Hugo – Eu não preciso te conhecer desde a mais tenra idade para saber que o motivo da sua “estagnação” é a sua obsessão por status, grana.

Luíza – Você me subestima tanto a ponto de me reduzi a uma mera feminista caricata que só pensa em status, igualdade dos sexos e todos esses clichês baratos da década de 70? Quer que eu também faça uma análise apressada sobre a sua personalidade? Eu não sei se te disse, mas eu sou boa nisso.

Hugo – Por que você está sendo cínica comigo?

Luíza – [sarcástica] Eu estou sendo cínica com você? Me desculpe não foi essa a minha intenção. É que eu não gosto que estranhos fiquem me analisando sem o meu consentimento e me digam o que fazer.

Hugo – Desculpe, não vou mais te amolar.

Luíza – Desculpe, é que não ando muito bem ultimamente.

Hugo – E quem não anda, não é mesmo? Eu estou com a mediocridade até o pescoço. Já pensou asfixia por excesso de mediocridade?

Luíza – Já eu estou com ela até a altura do joelho e subindo assustadoramente...

Hugo – Deve ser como você disse mal do século.

Luíza – Dos séculos...

Hugo – Você já assistiu a aquele filme do Almodóvar em que a personagem da Cecília Roth perde o filho, e sai à procura do pai do garoto?

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