Marcos - [para si mesmo] O peixe ficou salgado.
Clarice - Repete.
Marcos – O que?
Clarice – Repete o que você falou.
Marcos – Eu não disse nada.
Clarice – Disse sim! Eu ouvi.
Marcos – Você deve estar ouvido coisas. É o que você tem feito ultimamente: ouvir coisas...
Clarice – Não me diga. E o que eu tenho feito mais ,além de, ouvir coisas supostamente dita por você?
Marcos – Por que você tem sempre que se sentar à mesa de de mau-humor?
Clarice – Eu nunca disse isso!
Marcos – Não disse. Eu é que estou lhe perguntando.
Clarice – Ah, eu é que janto de mau-humor?
Marcos – Quase todos os dias...
Clarice – Estou cansada desse seu exibicionismo alado. Aliás, tenho tido overdoses de tédio ao seu lado.
Marcos – Me passa o salmão.
Clarice – Quando morrer, você será velado pela sua idiotice, e enterrado junto com as suas várias brochadas na cama.
Marcos – Falou o oráculo infalível!
Clarice – Infalível é essa sua eterna mania de repetir-se a cada minuto.
Marcos – Você usa metáforas em demasia.
Clarice – E você usa o seu cérebro muito pouco. Inteligência é afrodisíaco, sabia?
Marcos – Não foi inteligência que me atraiu em você...Aliás, não consigo me lembrar o que me atraiu em você especificamente?
Clarice – Seu QI é de 85 não é mesmo?
Marcos – Isso não quer dizer nada.
Clarice – Sharon Stone tem Q.I de 102...
Marcos – E ela tem haver conosco?
Clarice – Nada.
Marcos – Onde você leu isso?
Clarice – O que?
Marcos – Que o Q.I da Sharon stone é de 102?
Clarice – Onde mais? Na internet.
Marcos – E pensar que você se vangloriava de dizer que tinha acabado de ler o último livro do Saramago...que decadência.
Clarice – Por sua causa já estou conseguindo acostumar-me com a mediocridade alheia.
Marcos – Você é a confirmação da minha mediocridade irremediável.
Clarice – Os seus fantasmas já não estão cansados de ficarem amontoados no seu guarda-roupas?
Marcos – Metafísica agora, pô? Dos meus fantasmas cuido eu. Fique fora disso!
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