segunda-feira, setembro 04, 2006

A Tarde é Calma e o Céu Tranqüilo



Alice não mora mais aqui. Partiu sem se despedir. Fugiu sorrateira pelo telhado. Na calada da noite. Gata negra. Como a noite que a envolve. Partiu ciente de que encontraria abrigo em camas alheias. Camas essas, talvez, mais modestas, não menos acolhedoras. Era fissurado naquela nega.
Que coxas! Amoras maduras. Os seios! Dois anéis de Saturno.
Acho que ela não suportava traição. Costumava acordar sempre de mau humor. Eu também. Nunca gostou de dividir cigarros. Nem mesmo seu bourbon.
Era fissurado mesmo assim naquela neguinha.
Certa vez, me bateu com uma colher de pau. Disse que eu não tinha modos à mesa. Eu nunca soube como utilizar todos os talheres corretamente. Gosto mesmo é de comer com as mãos.
Também implicava com a minha displicência ao atravessar a rua. Ela não queria me ver morto.
Era fissuardo naquela neguinha. Melhor voltar a dormir. Talvez sonhe de novo com ela. Esgueirando-se lânguida em becos sujos e mal freqüentados. Ou quem sabe, morta numa sarjeta fedorenta que é o seu destino. Morta por um cafetão ciumento. Devendo o aluguel semanal do seu quarto fétido que dividia com um traveco sem dentes.
É isso. Morra sua puta! Te encontro no inferno.

Nenhum comentário: