segunda-feira, setembro 04, 2006








“Nunca alguém pareceu tão triste. Amarga e escura, a meio caminho nas trevas, sob o feixe de luz que fugia do sol para encerrar-se nas profundezas, talvez uma lágrima se tenha formado; e uma lágrima caiu; as águas agitaram-se de lado para o outro e receberam-na depois, acalmaram-se. Nunca alguém pareceu tão triste.”

(Rumo ao Farol/ Virginia Woolf)




Cafés, Cigarros, Virginia Woolf e Algum amor


Marta acordou tremendo. Fazia muito naquela hora da manhã. Parece não ter tido pesadelos naquela noite. A única coisa que se lembrava era que precisava fumar um cigarro. Mas, onde tinha colocado o maço de cigarros? Teria ainda ao menos um solitário na bolsa? Nada. Talvez ele tivesse. Procurou em todos os bolsos da calça . Em vão. Ele disse que tinha parado de fumar. Droga!
Começou a se vestir para descer e comprar um maço novo, quando percebeu um movimento na cama. Ele era to bonito enquanto dormia. Gostava de ver pessoas dormindo.
Parecem tão desprotegidas. Mas naquele momento não gostou de ter alguém dormindo na sua cama. Podia ouvir de longe, em algum apartamento a canção: “...e se não houvesse o amor...”. Uma sensação ruim brotou no seu peito.
Pedro era o nome dele. Já fazia algum tempo que estavam juntos. Ma sempre tivera a sensação de tê-lo conhecido na noite passada tamanho era o desconforto em pensar numa relação de quase dois anos com alguém.Preciso de um cigarro.
Enquanto vestia o suéter notou que ele a observava.

- Aonde você vai?
- Comprar cigarros.
- Devia para de fumar.
- Devia, é?
- Sim, as pessoas costumam morrer de câncer...
- Morrer-se de outras formas também.
- Mas, é bom não facilitar.
- Você me ama?
- O que?
- Eu perguntei se você me ama.
- Porque a pergunta a essa hora da manhã?
- Não sei. Só queria saber se você me ama.
- Você e os seus clichês matinais à queima roupa.
- E qual é o problema?
- Nenhum. Exceto eu ainda não ter tomado o meu café.
- O que uma xícara de café tem haver com isso?
- O que o amor tem haver com nós?
- O que?

Nenhum comentário: